sexta-feira, 12 de dezembro de 2014

Radioactive

"O mundo está para entrar em uma nova era."
Se você nasceu antes de 94 e é capaz de se lembrar das coisas que eram ditas durante a virada do ano 99 para 00, deve ter escutado algo neste sentido. Seja na virada do milênio, no asteroide que quase atingiu a terra ou até no 2012 maia. O planeta está sempre prestes a presenciar um grande evento catastrófico capaz de destruir todas as tecnologias ou de trazer de volta os mortos para que eles contaminem aos outros, resultando em um apocalipse zumbi.

E nada disso aconteceu. A cada apocalipse continuamos os mesmos. Nossas vidas não mudaram por causa disso. Não suicidamos, não desistimos e não nos animamos também. Embora sem perceber mudamos de era. Sem um grande marco, sem uma grande invenção, sem a consolidação de um grande império, sem um novo modelo econômico, sem banhos de sangue. E ela está ai. Tivemos um pouco de tudo isso em todo o mundo, mesmo sem ninguém ligar os pontos.

Você está nessa nova era. Pare para pensar um pouco como. Respire, se acalme, deixe um pouco de lado os stresses do dia-a-dia, as contas para pagar e o consumismo exacerbado. Largue essa porra de Facebook, se integrar aos amigos é ótimo. Ter tudo ao alcance da mão é incrível, isso é resultado de anos de pesquisa científica e trouxe ótimos avanços na qualidade de vida, não é preciso ter muito mais que isso, nossa comida está refrigerada, nosso lazer à palma da mão e nossa ambição dilacerada.

Objetivos. É o grande ponto desse período. A ciência e a tecnologia parecem tão avançadas, que aos seres humanos comuns não é vantajoso seguir por essa linha. O mundo já foi todo descoberto, não existem mais paraísos ou el'dorados para se descobrir, eles estão lá, você só vai refazer a trilha que alguém criou. Então os objetivos se resumem a vida cotidiana, como pagar as contas ou ir em um restaurante caro uma vez por ano. Metas vazias, que são postas e executadas em velocidade incrível e  repostas. São vazias não por não valer a pena cumprir elas, mas pela sensação que ela deixa após batida, como quando se termina um livro.

Uma era movida pela fé. A fé, a qual não pode ser explicada pela ciência, pois toda vez que o fazem vira a própria. O inexplicável que dá sentido aos atos desordenados chamados de vida. Essa espiritualidade que não demarca os limites da razão humana, como tantos religiosos atestam como absoluta, mas que é exatamente o contrário. É o limite sim, mas não uma parede, imóvel, mas como uma névoa, suplicante pelos novos exploradores que vão estender os limites de qualquer razão e de qualquer compreensão e que nunca vai se extinguir.

Aceitar a realidade é legal. Se curvar perante a ela, viver cada dia como algo único. Ganhar o dinheiro, gastar o dinheiro, aproveitar conversas. Não um escravo da rotina, mas um parceiro dela. Isso é realmente incrível. Mas evoluir além dos limites, no imensurável pelos sensores atuais, resolver problemas que sempre existiram, mas que nunca tiveram tempo para percebê-lo pois estavam preocupados demais tentando sobreviver de maneira confortável. 

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