sexta-feira, 31 de outubro de 2014

An angel with a shotgun

Por motivos de ENEM, essa semana não tem texto, mas achei esse continho aqui no meio dos meus arquivos então vá lá.
Semana que vem estamos de volta com palavras formando frases transmitindo sentimentos. Aproveitem.

Olhava para cima. O céu estava lá. Belo, azul, com algumas nuvens inocentes a passear pela tarde sem nunca tampar o sol. Parecia uma cena estranha, um homem bem vestido olhando para o céu. Mas como tudo que é estranho, a massa populacional resolveu ignorar. Afinal de contas só era estranho se alguém tivesse tempo o suficiente para observar o estranho padrão do homem. Ninguém tinha tempo, todos passavam direto.

Não era como um morador de rua ou como um gari, se estivesse vestido como tal tornar-se-ia oficialmente invisível para a sociedade, mas seus trajes de cidadão comum só eram suficientes para chamar a atenção que existia alguém no meio do caminho, e nada mais.

Mal sabiam que era um homem de posses, detinha capital, terras, mulher e filhos, mas para os últimos dois já não havia tempo. Era um homem acabado vazio, o sol, impiedoso, transpassava seu corpo. A sombra que o acompanhava, prova definitiva da existência de substância estava furada. Já não era mais homem. Nem humano. Sucumbira as necessidades da rotina e parou de evoluir. Naquele corpo que já teve alguém agora é apenas um invólucro, esperando a morte chegar.

sexta-feira, 17 de outubro de 2014

Referências

As vezes, com o caminhar da conversa, sempre passamos por um assunto interessantíssimo, mas que poucos têm vontade de discutir; opiniões se engessam e uma degladiação de vozes dissonantes onde a mais alta "ganha".

No meio dessa confusão a qual não me intrometo por opção alguém me pergunta: "qual a sua religião?" E meio sem graça respondo: Acredito no que eu acredito. Muita gente não entende esse ponto de vista, mas aceita-o de qualquer forma ou tenta converter-me( ponho em prática a fica arte de mandar alguém se foder sem esse alguém perceber).

Bem eu gosto da citação daquele filósofo, Nietzsche, que diz que Deus está morto e a humanidade o matou. Concordo em parte, então vamos continuar nessa linha de pensamento, por partes. Deus não está morto. Deuses custam a morrer, mas estão fadados ao esquecimento. É assim que deuses funcionam. Vão e vem adjuntos a culturas e civilizações com promessas de dar um sentido às pequenas vidas daqueles que lideram, mas com o fim ou conquista dessas civilizações lá vão os Deuses e seu triste fim de serem esquecidos.

E bem, o Deus atual não está morto e muito menos esquecido. Ele está lá: firme, forte e operante. As pessoas o usam como guia para suas ações, seus julgamentos, suas promessas, suas dividas e suas trepadas. Mas a questão aqui não é essa, e sim, quem está por trás desse Deus?

Manipular o nome de Deus nunca foi tão fácil. O império romano o fez bem por muito tempo e quando o império caiu, deixou tal tarefa nas boas mãos da igreja católica. Não, não sou a favor do que a igreja católica fez ao longo da história com seus jogos politicos, suas guerras santas e nem com sua imunidade santa. 

Todavia uma coisa ela fez bem, e isso foi manter a imagem de um grande Deus misericordioso e impiedoso, e por muito tempo deu certo. As pessoas tinham medo do desconhecido, como continuam tendo até hoje.

Os problemas começaram quando eles não conseguiram mais calar cientistas e filósofos que insistiam em contradize-la, o tão temido novo, não era mais tão estranho afim de entender e desmentir. Nesse ponto ela foi incapaz de se manter inteira. Reforma e contra-reforma rolaram, foram criadas várias formas de ver os mistérios da vida, afinal é para isso que servem as religiões. Infelizmente esse processo desencadeou também na intolerância religiosa ocidental por ela mesma, ou seja, violência gratuita porque um não concorda com o outro. Claro que existe interesse econômicos no meio, mas nada melhor que fé para movimentar um exército.


Em meio a esse mar de escolhas entre ideologias lindas baseadas no amor e preconceitos infundados disseminadores de ódio que você escolhe a sua religião, sua ponte de ligação entre você e algo maior que dá sentido a.existência. Afinal, definem a vida como nascer, crescer, reproduzir e morrer, mas se fosse tão simples, o homem não evoluiria. Se não fosse a angústia de estar triste, insatisfeito, incomodado o mundo não teria mudado. E o preço a se pagar pela rotina, aceitação, submissão é pesado: ser infeliz.



"É só isso? Ser infeliz?"
É tudo isso. Ser infeliz.



P.S.: Eleições batem a nossa porta de novo, um segundo turno com cara de round dois. E que round 2.
A baixaria e mares de acusação não se resumiam aos minutos intermináveis de propaganda política e nem aos recorrentes debates, tão aclamados pela mesma baixaria em redes sociais.
Sabemos que o sistema político do nosso país é corrupto. Aprendemos quando criança que quem está melhor é quem se dá bem, trapaceia-se em piques, ao encontrar coisas no chão, ao colar em exames, ao furar filas, jogar lixo no chão, etecetera, etecetera, etecetera...
Mas quantos são os países em que as pessoas morrem (literalmente) para conseguir esse direito que é um dever. Ter de lidar com carros de som, propagandas abusivas, mentiras descaradas é melhor que viver uma colônia, um império, uma república oligárquica, um estado facista ou uma ditadura civil-militar; mas ainda não é ideal. Por esse simples fato venho aqui pedir que você, leitor, vote. Vote Dilma, Aécio, Pézão ou Crivella. Discuta, levante argumentos,tente convencer, mas sem partir para a ignorância, tornar-se cego é o segundo maior pecado político. Pode não ser esse mandato que as coisas melhorem, mas se abster de votar só para ausentar-se de culpa é lamentável.

domingo, 12 de outubro de 2014

2.1

Er oi.
Antes de quaisquer outra coisa, hoje estou fazendo vinte e um anos. Não, não escrevi esse texto hoje. Estudos indicam que vou estar na casa do cunhado jogando ps4 nesse momento ou em casa tomando uma cerveja cosamigo e comendo umas carne. Chorem inimigas. Esse não é como os outros, é mais pra um blog text mesmo. Vou falar da minha vida e você pode não ou pode ler. BE FREE.

E bem, é meu aniversário, agora posso comprar álcool em muitos lugares do mundo. Alguns vão dizer que estou mais maduro, outros que estou me aproximando da morte e meus tios estão contando nos dedos os anos que faltam preu fazer 24 e eles poderem fazer piadinhas de tio. Mas não é disso que eu vim falar.

Todo ano é um ciclo, você faz aniversário, deseja alguma coisa na hora de apagar as velinhas, em algum momento é ano novo, você promete ficar magro, entrar na faculdade, escrever um livro e plantar uma arvore, no dia seguinte tudo que você quer é um remédio pra ressaca, e passa mais algum tempo e você faz aniversário de novo. É assim mesmo, aconteceu comigo umas 21 vezes já. E diferente dos outros anos que eu só somei um na idadei, fiquei me perguntando; o que caralhos fiz nesse ano que passou?

Não adianta perguntar para os outros, cada um tem seu jeito de ver as coisas. Alguns vão dizer, "Você estudou bastante tá ok" outros, "Quase não saiu, seu ano foi uma merda" e tem gente que ainda "Trabalho porra nenhuma e viveu bem, tá bom demais" e cada um deles está certo em sua própria maneira. Maneira a qual eu costumo muito pouco me fuder (Se você me conhece sabe disso).

Por mais que eu odeie admitir, o ano foi ótimo. Posso não estar feliz com meu rendimento acadêmico, nem com a minha classificação no último SISU, também não parei para seguir e descobrir meus sonhos( papo para outro dia) e nem fiquei melhor nos jogos que eu já jogo. Mas esse ano foi essencial para mim.

Afinal apesar de sempre ter rolado uma sinceridade interna sobre o que eu queria e o que estava disposto a dar pelos objetivos. Esse ano tomei coragem e me abri para ler-me como um livro, para apontar meus defeitos e qualidades, gostar de alguns e detestar outros. Conhecer-me.

Em algum momento nesses 365 dias que passaram eu me deparei com um vídeo que mudou minha maneira de ver as coisas. Foi um que falava sobre vício em jogos, e como isso aconteceu com ele e ficou mais claro que nunca de como aquilo acontecia comigo. Eu me isolei do mundo, não havia mais lugar nele para mim. Todos os meus assuntos eram chatos, batidos e limitados. Isso me incomodava, mas estava tudo bem. No final do dia ainda tinha meu refúgio, em meio a mundos maravilhosos, com objetivos claros e que eu era importante e não só um cara que saiu da faculdade e está em meio a dezenas de adolescentes brigando por uma vaga na faculdade. Nunca me isolei socialmente, meus amigos virtuais são ótimos, mas não conseguir ultrapassar essa barreira com as pessoas "normais" me incomodava.

Como vocês devem saber, não parei de jogar. Jogos não são como bebidas ou cigarros, eles não botam alguns substancia química no organismo e te deixam viciado, o termo mais correto é compulsão ou sei lá. Parar de jogar seria fugir, seria deixar de esconder-me nos jogos para me esconder em novelas, livros, filmes, músicas ou afins. A coisa mais incrível do vídeo não é a mensagem que ele deixa, a de life welcomes you back.

Independente de quantos anos você perdeu, quantas horas isolado, ou seja lá o que você achar que as pessoas pensam, a vida te recebe de volta. Acho que no final foi isto que me ajudou mais.

Os jogos deixaram de ser minha zona de conforto, agora são onde vou relaxar um pouco e rir com meus amigos, assim como o próprio pre vest onde encontro meus amigos novos e converso enquanto os professores escrevem toneladas de texto no quadro.

E dizem também que existem outros ciclos na vida, um de sete em sete anos que vou estar completando. Talvez eu vire um jovem adulto mais maduro, talvez só fique mais babaca. Quem sabe fique famoso por escrever esse tipo de coisa, mas algo é fato: as possibilidades são infinitas, e eu convido você, leitor, a me acompanhar por mais um ano dessa parada incrível que chamam de vida.

Post Mortem
Estou escrevendo este pequeno trecho após minha festa, porque achei válido. Pela primeira vez em muitos anos, fiquei feliz em completar mais um ano. Isso não era comum a minha pessoa,

sexta-feira, 3 de outubro de 2014

Sinais

Aqui vai uma crônica. Gosto de escrevê-las, são leves e divertidas de digitar. Sem muito compromisso, mas sempre tentando mostrar o melhor dela. Facilmente escreveria sobre o assunto em meus textos comuns, mas a crônica dá a forma e o contexto do cotidiano à minha filosofia. É sempre mais fácil ver o mundo em movimento do que ter de imaginá-lo girando. Aproveitem.

- Mas que merda! - Exclamou a motorista ao ver que no horizonte um semáforo trocara de verde para amarelo. Dizem que carioca não gosta de sinal vermelho, e aquela ali era uma das que justificavam tal generalização. Não que ela fosse um alguém tão estressado todo o tempo, dificilmente se preocupava com eles; ignorava-os veemente. Mas aquele era diferente e a cobrança do DETRAN dentro da bolsa a lembrava muito bem disso.

Praguejava alto, ninguém estava junto dela nesse momento, resolveu logo extravasar o ódio e a raiva que vinham do cotidiano. Sentiu-se bem, normalmente não tinha tempo para xingar aos sete ventos, não que tivesse tempo algum para qualquer coisa. Acordar, ficar linda, comer de forma saudável, enfrentar o trânsito e trabalhar já tomava tudo o que tinha. Marido e filhos? Deus a livre, mal conseguia se divertir; os finais de semana eram quase que exclusivos para dormir e arrumar a casa.

Olhou impaciente para seu relógio; sem sombra de dúvidas se atrasaria para o compromisso, mas ainda não estava disposta a ganhar nova correspondência para chegar "menos atrasada", no fim das contas, estaria atrasada de qualquer forma, então desviou o olhar para a janela e viu o vento bater descompromissado na árvore que parecia não ligar para aquelas crianças brincando em seus galhos, como um guardião. Crianças tão felizes, ignorantes dos horrores da vida ou inocentes, você decide. Mas é inegável a pouca responsabilidade empregada em como elas gastam seus preciosos minutos que não voltam, e ela começou a lembrar um tempo que também não volt...
BIIIBIIIBIIII -O SUA PIRANHA MALUCA, O SINAL ABRIU, VAMBORA AI.- Exclamou outra pessoa, provavelmente outro carioca que já estava puto com o sinal vermelho e ainda por cima tinha uma mulher apreciando a paisagem só para atrasar o dia dele. Super aceitável. Já ela, acordou do leve sonho e voltou a realidade. Feliz por conseguir andar naquela cidade de trânsito caótico e honrar seus compromissos, mas um pouco melancólica e nostálgica.

Normalmente era bem exigente em seus pedidos; o celular da moda, um grande anel de brilhantes, sapatos, viagens e vestidos. Mas naquele momento, tudo o que queria, era mais um sinal vermelho.

Felipe Juventude

PS: Exclusivamente na próxima semana, o texto será publicado domingo. Grato pela atenção